Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

sábado, novembro 15, 2008

Que soydade de mha senhor ey,
quando me nembra d'ela qual a vi
e que me nembra que ben a oy
falar, e, por quanto ben d'ela sey,
rogu' eu a Deus, que end' á o poder
que mh-a leixe, se lhe prouguer, veer


Cedo, ca, pero mi nunca fez ben,
se a non vir, nom me posso guardar
d' enssandecer
ou morrer con pesar,
e, por que ela tod' en poder ten,
rogu' eu a Deus, que end' á o poder,
que mh-a leixe, se lhe prouguer, veer


Cedo, ca tal a fez Nostro Senhor:
de quantas outras [e] no mundo son
non lhe fez par a la minha fé, non,
e, poy-la fez das melhores melhor,
rog' eu a Deus que end' á o poder,
que mh-a leixe, se lhe prouguer, veer

Cedo, ca tal a quis [o] Deus fazer
que, se a non vyr, non posso viver.


"Que soidade de mha senhor ei," de D. Dinis (CV 119/CBN 481)
Actualmente já não se corre o risco de "ensandecer" por amor como acontecia aos trovadores medievais , fossem eles reis ou nem por isso. Nos nossos dias acabamos em consultas de psiquiatria, nas quais nos diagnosticam depressões que necessitam de tratamento especializado com antidepressivos. Dizem que é a evolução... eu diria que pode também ser a falta dela.
 
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