A Princesa e os Príncipes - cap. II

E lá vivia a sua vida, feliz e contente, trabalhando sempre, sem nunca esquecer aquilo que tanto a perturbava: não conseguia arranjar um príncipe! Até nem era bem só por si! Aquilo que realmente a incomodava, eram as reacções das suas velhas tias, habitantes de um reino distante (quase outra galáxia).
Como naquele reino todos as princesas eram já casadas com belos príncipes e tinham um rebanho de lindos principezinhos, as velhas tias achavam que aquela sobrinha princesa tinha um problema qualquer. Para agravar a situação, as tias mais velhas e desocupadas da princesa tinham-se apercebido que ela era o único membro daquela família real que continuava solteiro. Havia até histórias sobre algumas princesas, primas da nossa heroína (feminino de herói, entenda-se... não o produto ilegal), muito mais novas do que ela, que já estavam transformadas em verdadeiras fadas do lar, do marido e dos filhos.
E aí é que começou a verdadeira angústia... A nossa princesa evitava, sempre que possível, "ocasiões em família" porque sabia que iria ouvir comentários pouco simpáticos sobre o seu estado de solteirice, ditos, ainda por cima, com tom de pena, semelhante ao utilizado quando se referem os poucos dias de vida atribuídos a alguém.
Valiam-lhe as amigas, princesas de reinos evoluídos como o seu, que, tal como ela, concebiam uma vida perfeitamente normal com trabalho, saúde e amigos... è que aqui entre nós: precisarão as princesas de usar vestidos semelhantes a suspiros brancos, anilharem-se "para todo o sempre" a príncipes machistas, aturarem rebanhos de principezinhos babados e ranhosos para serem felizes?????