Quem nunca sofreu por amor nunca aprenderá a amar. Amar é o terror de perder o outro, é o medo do silêncio e do quarto deserto, de tudo o que se pensa sem poder falar, do que se murmura a sós sem ter a quem dizer em voz alta. É preciso sentir esse terror para saber o que é amar. E, quando tudo enfim desaba, quando o outro partiu e deixou atrás de si o silêncio e o quarto deserto, por entre os escombros e a humilhação de uma felicidade desfeita, resta o orgulho de saber que se amou.
Miguel Sousa Tavares, Rio das Flores
Num romance que, na minha humilde opinião, é apenas medíocre se comparado com Equador, D. Miguel, o Provocador Nato e o Odeia Professores, sai-se com esta preciosidade. Valeu a pena obrigar-me a ler até ao fim e confesso que, se já gostava um bocadinho dele (apesar de todas as suas provocações infundadas aos professores) agora gosto muito mais. Só se escreve assim quando já se sentiu e é preciso sentir para viver.
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