Memorial
Nem só aqueles que pertencem fisicamente à nossa vida fazem parte dela. Nunca vi Saramago pessoalmente, nunca lhe ouvi o timbre da voz ao vivo e a cores, mas habituei-me a amá-lo pelo que de bom me trazia através da sua escrita. Parece redundante e até oco dizer que os seus livros me mudaram, mas é verdade. A forma crua e bravia, mas ao mesmo tempo irónica e sentimental como dizia as coisas, desde as mais triviais até às mais carregadas de consciência social e humana, mudaram a minha forma de encarar as coisas e o mundo. Não me tornei comunista nem deixei de ser crente, mas acho que comecei a pesar as coisas de forma diferente e a perceber que cada gesto humano é, antes de mais nada, um gesto apenas e só depois assume todos os valores que lhe queiramos dar.
Sempre li as suas obras com prazer, desde Todos os Nomes (o meu primeiro Saramago) até à Viagem do Elefante (a leitura mais recente). Não gostei de todas por igual, li-as experimentando diferentes estados de alma e explorando diferentes velocidades de leitura, de acordo com os mundos que cada página abria dentro de mim. Faltam-me ainda vários que nunca li e posso já somar muitas releituras que vão garantir que, até eu "deixar de estar aqui", Saramago continuará a fazer parte da minha vida.
1 Comments:
At 12:14 da manhã,
sandra said…
:)
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