Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

domingo, junho 19, 2005

Não, não demorei uma semana a recompor-me da noitada do Sto. António. Mas que tive uma semana má, isso tive. Má é como quem diz: não estava doente, nem aconteceu nenhuma desgraça, porém conciliar três empregos, todos na área do ensino, em época de exames, não é nada fácil.
Parece que as coisas acalmaram um pouco, agora. Vou recomeçar a dedicar-me a tarefas importantes: cinema, livros, lanches no Picoas Plaza, Zara, jantares de fim de ano lectivo... (bem... se calhar as coisas não se acalmaram assim tanto!!!)

Lembram-se de eu ter falado numa Requisição Civil de professores feita pelo distinto Ministério da Educação? Nesse altura a minha ideia era apenas uma ideia, uma ideia irónica a propósito do não pagamento aos professores da correcção dos Exames Nacionais de 9º ano. Mas... espantem-se... admirem-se... fiquem boquiabertos... o governo, através de Despacho da Srº Drº Ministra da Educação fez uma Requisição Civil aos Professores. Todos os professores das escolas devem apresentar-se ao serviço nos dias 17 e 21 de Junho, às 8:30. O objectivo é assegurar os serviços minimos para a realização dos Exames Nacionais de 12º ano.
Senti-me um maquinista da CP, enquanto me liam o referido despacho. Fiquei tão irritada que me apetecia bater em alguém.
Ainda agora, que já cumpri o primeiro dia de requisição civil (depois conto, porque foi surreal), sou assaltada por algumas dúvidas, às quais ninguém consegue responder, de forma satisfatória, nem Conselhos Executivos, nem Delegados Sindicais, nem outros Professores, nem ninguém...: fez sentido fazer a Requisição (que não se chama Requisição, segundo o ME), num dia em que não havia greve convocada?; se não se chama Requisição que nome lhe daremos?; e o direito à greve?; o que entende o Gabinete da Srº Ministra por Serviços Mínimos? (é que parece que para eles Serviços Mínimos é tudo, é funcionar na normalidade); o que pretendem fazer os Sindaicatos? Para além de nos retirarem da conta a quantia mensal?
As dúvidas são muitas! Aguardam-se cenas dos próximos capítulos...

Agora o relato do primeiro dia de Requisição Civil.
17 de Junho, 8:30
Cento e muitos professores reunidos em frente ao Secretariado de Exames (quase mais professores do que alunos). Assinámos uma folha de presenças e fomo-nos sentando à espera (felizmente a escola tem umas árvores e uns banquinhos de pedra)
8:45
Começa-se a distribuir o serviço pelos professores vigilantes e a assegurar a presença dos suplentes. Que estranho! Todos estavam presentes... Coisa anormal, num dia em que até nem havia greve...
9:00
Início dos exames. Que se lixe a Ministra! O meu pensamento ia todo para os meus alunos. Que teriam eles à frente? Estariam bem?
9:50
Quando nos começávamos a questionar se poderíamos ir embora, uma vez que, claramente, todo o Serviço de Exames estava a decorrer na normalidade, é-nos dada a boa notícia: podíamos sair da escola, mas haveria outra folha de presenças para assinar às 11:30 e outra ainda às 14:30 (é que houve mais dois exames, nesse dia). E pronto lá andei eu e mais uma centena de professores a passear pelas Picoas / Saldanha para, de vez em quando, irmos assinar umas presenças à escola. Acrescente-se que esta palhaçada não aconteceu noutras escolas (vá-se lá saber porquê) e que o Governo nos pagou um dia de ordenado para andarmos a passear. É que as actividades lectivas foram interrompidas pelo referido despacho e como o Ensino Recorrente Nocturno continua a funcionar, até meados de Julho, não houve aulas, neste dia. Estávamos ao serviço do ME, mas andávamos a ver montras! Medida estranha, em época de contenção orçamental...

Srº Ministra, a Zara Saldanha, a Bertrand - Picoas Plaza, os restaurantes do Atrium Saldanha e o Alessandro Naninni do Residence agradecem a sua ideia!

1 Comments:

  • At 2:48 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=179134

     

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