Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

sábado, outubro 15, 2005


Consegui! Cá está a primeira imagem deste doce cantinho.
Sei bem que uma praia (paradisíaca, ainda por cima) não é bem a minha onda, mas confesso que neste longo processo de arrumação mental e emocional em que me encontro (este processo deve ter algo a ver com os 30, não?), me apetecia imenso fugir para um sítio destes, na companhia de muitos e bons livros e ficar por lá até arrumar as ideias todas, mesmo as mais pequeninas. É que começo a ficar farta! Farta de esperar por uma colocação que tarda em chegar, farta de tentar encontrar almas gémeas em vão, farta de me deixar convencer de coisas que depois se revelam grandes mentiras. Estou tão farta que, de manhã, quando olho para o espelho, já não me vejo a mim. Vejo uma "fartura" arruivada, desiludida e entristecida como as fachadas das casas velhas.

5 Comments:

  • At 8:32 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Será esta a verdadeira adolecência? O apocalipse das interrogações? E a serenidade da sabedoria, quando virá?

     
  • At 8:32 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

     
  • At 8:36 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    "Segue o teu destino,
    Rega as tuas plantas,
    Ama as tuas rosas.
    O resto é a sombra
    De árvores alheias.

    A realidade
    Sempre é mais ou menos
    Do que nós queremos.
    Só nós somos sempre
    Iguais a nós-próprios.

    Suave é viver só.
    Grande e nobre é sempre
    Viver simplesmente.
    Deixa a dor nas aras
    Como ex-voto aos deuses.

    Vê de longe a vida.
    Nunca a interrogues.
    Ela nada pode
    Dizer-te. A resposta
    Está além dos deuses.

    Mas serenamente
    Imita o Olimpo
    No teu coração.
    Os deuses são deuses
    Porque não se pensam."

     
  • At 8:46 da tarde, Blogger Kika said…

    Talvez a adolescência seja "o apocalipse das interrogações", mas aos 30 parece-me bem que não é essa a causa das minhas interrogações.

    Mais uma vez obrigada pelo poema. Era bom se realmente conseguissemos viver as coisas sem as pensar. Mas seria isso viver?

     
  • At 6:43 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A causa das interrogações não será a vida?... talvez um pouco mais longa, mais complicada do que na adolescência, mas a vida ainda assim. Essa de todos os dias, marcada quotidianamente pelos vislumbres no espelho. Não aquela-que-há-de-vir-um-dia-depois-quando-tudo-for-perfeito-e-passar-a-fazer-sentido. É desta que se trata. Da casa um dia de fachada velha, outro cheia de luz, outro ainda sombria, e mais outro de alvura imaculada. Um dia a pulsão de morte, outro dia a pulsão de vida. É hoje, a vida, não amanhã. E não há arrumação mental para esta vida... Talvez para outra, quem sabe.

    "Uns, com os olhos postos no passado,
    Vêem o que não vêem: outros, fitos
    Os mesmos olhos no futuro, vêem
    O que não pode ver-se.

    Por que tão longe ir pôr o que está perto —
    A segurança nossa? Este é o dia,
    Esta é a hora, este o momento, isto
    É quem somos, e é tudo.

    Perene flui a interminável hora
    Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
    Em que vivemos, morreremos. Colhe
    o dia, porque és ele."

     

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