Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

sexta-feira, março 02, 2007

Ouvido de passagem, no comboio:
- Era tão nova, coitada! Vou sentir imenso a falta dela!

E, de repente, a coisa bateu-me com força: se eu morresse, alguém sentiria "imenso" a minha falta? O que deixava de mim, neste mundo? Durante quanto tempo iriam os familiares e amigos sentir saudades? E sentiriam saudades?
O problema destas avaliações da vida é a ausência de respostas. Ou então é mesmo a vida que está errada e, na verdade, nada ficaria de mim, caso desaparecesse.
Esta ideia faz doer. É uma espécie de "dor de pensar" como a do Pessoa, mas ele ainda deixou a sua poesia. Eu deixaria o quê? E vêm-me à ideia as palavras da S. que há bem pouco tempo me relembrava aqueles três objectivos de vida sobejamente conhecidos: "Ter um filho; plantar uma árvore; escrever um livro".
Vazio total..... sinto-me a linha direita que assinala o fim, nos monitores de hospital.
 
Counter
Counter