Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

domingo, outubro 23, 2005

Ode ao Ferrero Rocher

Pronto, confesso! Sou uma gaja com tendências depressivas a atravessar um mau momento. Mas também, tudo parece correr mal nestes últimos tempos...
Levei mais uma tampa (em 30 anos de vida, devem ser mais as tampas amorosas do que os tons de baton experimentados!). E o mais grave é que, desta vez, nem sei o que se passou: estava tudo bem e, de repente, o gajo desaparece do mapa...
Ando com sérias dificuldades em escolher o tom que vou querer para pintar o cabelo. Ando farta deste avermelhado que, entretanto, perdeu o brilho e o glamour...
Continuo sem ser colocada, o que provoca sérios distúrbios no meu saldo bancário. Por isso tenho que me manter afastada dos meus vícios preferidos: Zara e Fnac...
Ontem apanhei uma molha daquelas monumentais. Resultado: livros empapados, calças e blusão de ganga 20 quilos mais pesados, cabelo completamente arruinado, sapatos transformados em botes. O pior foi mesmo ter de apanhar um autocarro e um comboio, naquele estado aquático...
Ando em confronto com o meu estômago (ou será com o cérebro?). É que quero (ou se calhar não), preciso e sei que tenho de começar a conduzir. Afinal, tendo carta e carro à porta, parece estúpido que ainda me sujeite aos estados aquáticos acima referidos, mas o estômago reage violentamente a essa ideia...
Tenho saudades, muitas, muitas, muitas de uma pessoa muito especial que fazia a vida parecer mais bonita e tinha o condão de, com uma simples palavra e um abraço, curar todos os males. Agora sinto-me irremediavelmente sozinha...

Ora, por todos os motivos enunciados, parece-me justificado este espírito nublado de que me têm acusado ultimamente. Mas hoje operou-se o milagre! Mal entrei no supermercado, lá estavam eles: um expositor cheio de pacotinhos, pacotes e pacotões de Ferrero Rocher. A minha alma iluminou-se. O meu coração bateu mais forte. Não resisti (também não tentei) e comprei uma embalagem. Saí do supermercado com uma alegria de dia de sol. Nem sequer fiz cara feia quando uma ucraniana com 3 dentes de ouro me tentou impingir a Cais.
Na verdade, com ou sem Ambrósio (com seria melhor, mas pronto!) estas bolinhas de chocolate fazem maravilhas pelo meu humor.

P.S. Esta elegia não significa que, no Natal, queira receber bombons, ok?

5 Comments:

  • At 6:51 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    "Gosto muito de
    você Leãozinho"

     
  • At 6:59 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    "Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
    Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
    com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
    Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
    dentro do fogo.
    - Temos um talento doloroso e obscuro.
    construímos um lugar de silêncio.
    De paixão."
    H.H.

     
  • At 9:13 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Há dias amargos, mas as coisas doces voltarão (o doce depois do amargo não é mais doce?). :o)

    Tive de procurar muito até encontrar a belíssima fonte:


    FONTE

    II
    No sorriso louco das mães batem as leves
    gotas de chuva. Nas amadas
    caras loucas batem e batem
    os dedos amarelos das candeias.
    Que balouçam. Que são puras.
    Gotas e candeias puras. E as mães
    aproximam-se soprando os dedos frios.
    Seu corpo move-se pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
    e órgãos mergulhados,
    e as calmas mães intrínsecas sentam-se
    nas cabeças filiais.
    Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
    vendo tudo,
    e queimando as imagens, alimentando as imagens,
    enquanto o amor é cada vez mais forte.
    E bate-lhes nas caras, o amor leve.
    O amor feroz.
    E as mães são cada vez mais belas.
    Pensam os filhos que elas levitam.
    Flores violentas batem nas suas pálpebras.
    Elas respiram ao alto e em baixo. São
    silenciosas.
    E a sua cara está no meio das gotas particulares
    da chuva,
    em volta das candeias. No contínuo
    escorrer dos filhos.
    As mães são as mais altas coisas
    que os filhos criam, porque se colocam
    na combustão dos filhos, porque
    os filhos estão como invasores dentes-de-leão
    no terreno das mães.
    E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
    e atiram-se, através deles, como jactos
    para fora da terra.
    E os filhos mergulham em escafandros no interior
    de muitas águas,
    e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
    e na agudeza de toda a sua vida.
    E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
    e através dele a mãe mexe aqui e ali,
    nas chávenas e nos garfos.
    E através da mãe o filho pensa
    que nenhuma morte é possível e as águas
    estão ligadas entre si
    por meio da mão dele que toca a cara louca
    da mãe que toca a mão pressentida do filho.
    E por dentro do amor, até somente ser possível
    amar tudo,
    e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.

    H. H.

     
  • At 9:17 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Quanto à condução, estou aqui para as curvas dos sábados... (ainda que possas estar zangada por causa de um manifesto...)
    :o))

     
  • At 10:48 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ola,gostei muito da ode ao ferrero rocher.para passares melhor esta fase, se calhar e melhor veres esse teu amigo que tinha um condão muito especial de te por bem disposta.quanto ao carro, bem se calhar ja esta na altura de pegares nele, dares uma volta de janela aberta para enxugares a roupa molhada e o cabelo,hehehe. vais ver que as vezes faz bem conduzire ate a praia e ver o mar sozinha.Parabens pelo blogge vou ficar assiduo

     

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