Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

segunda-feira, junho 18, 2012

Ressureição

Bip... bip... bip...
A cada bip, o traço esverdeado do monitor cardíaco descrevia uma ondinha. Diziam-me os médicos que eram os batimentos do coração, o único vestígio que prendia aquele já-não-ser ao mundo dos vivos. No entanto, estava morto, reforçavam os senhores da bata branca, a atividade cerebral parou, era apenas um cadáver, no qual, por engano, batia ainda o músculo da vida. Nada o podia já salvar, trazê-lo de volta.
Fui digerindo lentamente a ideia. Nunca mais o teria ali, comigo? Não voltaria a confidenciar-lhe os detalhes do meu quotidiano? Com quem iria eu partilhar sorrisos, lágrimas, amuos e momentos especiais? Tristeza!
O tempo foi passando e eu fui-me habituando à minha nova realidade. Estava sem ele e tinha de sobreviver a isso. Confesso que fui esquecendo. De vez em quando, vagos rumores recordavam-me a parte importante que ele tinha sido na minha vida, mas eu, talvez para me preservar, ia ignorando esses sussurros.
Um dia, o telefone tocou. Um milagre, coisa nunca antes vista, os médicos estavam espantados, embasbacados, pasmados... era a primeira vez que uma coisa destas acontecia no mundo: ele tinha recuperado da morte cerebral, tinha acordado, ao fim de meses transformado num vegetal, como se apenas tivesse estado a dormir, qual Bela Adormecida despertada pelo beijo quente do príncipe.
Corri para o teclado e abri-o. Sim, era verdade, o meu blogue estava de volta. Era meu outra vez e sentia que um mundo de coisas boas estava prestes a iniciar-se. Havia Coisas Doces na minha vida, novamente e isso só podia ser bom.

Estamos de volta! Sigam-nos que não nos perderemos!
 
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