Coisas Doces

Nada melhor que um cartucho de coisas doces para adoçar a vida que, sendo adocicada, resvala por vezes para becos salgados, ácidos e até mesmo amargos.

domingo, setembro 24, 2006

Por Amor a Che

O primeiro romance de Ana Menéndez, uma escritora de origem cubana, é soberbo. Numa altura em que Cuba até está na moda, esta jovem autora promissora dá-nos uma história pesada e estranha que se debruça sobre a busca da identidade. Num estilo bastante eclético em que a narrativa se mistura com o tom epistolar, quebrada ainda por algumas fotos, acompanhamos a heroína na sua demanda de si mesma, das suas origens, da sua felicidade. E assim entramos no coração de Cuba, na magia latino-americana, encontrando aqui e ali reminiscências de Isabel Allende e Garcia Marquez.
Recupera-se a época da revolução cubana e evoca-se o mito de Che, num enredo subtil mas forte, que nos prende de forma sagaz, até quase se tornar a nossa própria busca.

Mais do que indispensável... obrigatório.

Um agradecimento muito especial aos alunos que tornaram este post possível. A I. por me ter "apresentado" o livro; o J. por mo ter oferecido. Se há livros que nos marcam a vida, acreditem que há alunos que vão sempre fazer parte dela.

Zorro, Isabel Allende

Foi o primeiro livro da autora de que realmente não gostei. Continuo a achar que a sua escrita é primorosa e que é quase indispensável conhecer algumas das suas obras, mas este romance não me agradou. A razão? Sinceramente não sei bem! Está bem escrito, o enredo possui algumas marcas de interesse, os universos mágicos de Isabel Allende estão lá, mas não me "encheu a alma". Talvez porque desmistifique o herói que todos conhecemos, desde a infância, apresentando-nos um Zorro humano, que se constrói aos poucos, à medida que vai crescendo. Se calhar é essa a razão do meu "desamor": os heróis devem ser sempre heróis, principalmente aqueles que conhecemos de sempre.

Apesar de tudo, considero uma obra indispensável, principalmente para os fâs de Isabel Allende. Até porque de todas as pessoas que conheço e que já leram a obra, eu fui a única que não gostei... (acho que no meu inconsciente, o Zorro deverá ser sempre um Banderas em acção!!!)

segunda-feira, setembro 18, 2006

Agora aos sábados e apenas por 2 euros pode comprar o Sol. Independentemente da qualidade do jornal, que até nem me pareceu má, o final de semana passará a ser mais... luminoso. Já faz sentido "querer o sol".
Fiquei agora a saber que por ter mais de 30 (se alguém se rir, leva que contar...) o meu cartão Lisboa Viva terá a mesma validade que os da 3ª idade, ou seja, os dos maiores de 65 anos. O que ainda não percebi é se devo chorar ou ficar contente???
"Porque eu sou forte e linda!"

E, de repente, a vida faz todo o sentido e os seus obstáculos não são mais do seixos espalhados no areal...
(Há amigos que fazem a vida valer a pena. Tu és um desses...)

sexta-feira, setembro 08, 2006

Para saber mais...

... e convencer mais depressa:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira

As Intermitências da Morte

Gosto de ler Saramago, mas a minha relação com a obra do nosso Nobel é de humores inexplicáveis. Ora leio compulsivamente, quase sem respirar,até ao fim do livro, ora arrasto a leitura durante semanas, meses até, interrompendo, abandonando para recomeçar dias depois. Com o último romance do autor, experimentei as duas situações: um início inflamado de pressa ao qual se seguiram abandonos sucessivos, para recuperar uma urgência de acabar quase aflitiva. E valeu a pena... O final da obra deslumbra, encanta de tão surpreendente e simples que é.
A história gira em torno da morte, apresentando-a como algo banal, comum como qualquer um de nós, desmistificando-a, apesar de nunca lhe recusar poder. E é exactamente nesse poder, ou na falta dele que reside o enredo.
Trata-se de nos apresentar o maior dos nossos pavores como algo que, de tão normal, assusta. Quer queiramos, quer não, a morte assusta, mas está lá, é incontornável e, se calhar, a falta dela seria bem mais assustadora. Mas será que ela nunca irá faltar / falhar???...

A ler. Diria mesmo indispensável!

Impressões de viagem VI



Impérios

Os impérios são construções semelhantes a capelas, geralmente bastante coloridas, erigidas em honra do Espírito Santo. É junto destes edíficios que se realizam as celebrações religiosas mais importantes da ilha - a festa do Divino Espírito Santo.
Vale a pena percorrer a ilha, de máquina fotográfica em punho, à procura dos muitos impérios que vão surgindo, no percurso.

domingo, setembro 03, 2006

Farol da Baía



Abriu este Verão o sítio mais in de Angra.
Localizado sobre a baía da cidade, oferece aos clientes uma vista deslumbrante, num ambiente moderno e sofisticado, mas também muito acolhedor e simpático. Dispõe de três espaços distintos amplos e agradáveis: uma esplanada para quem quiser ouvir e cheirar o mar; o bar propriamente dito com música jovem; e uma sala dedicada a um público menos jovem, com diferente selecção musical, mas com a mesma vista deslumbrante. A ideia é criar, num só local, diferentes espaços para diferentes faixas etárias, de forma a que toda a família possa sair à noite e ir ao mesmo sítio, sem que os pais incomodem os filhos e vice versa.
A decoração privilegia os tons quentes e aposta no conforto e bem estar, convidando ao convívio e à diversão. O serviço é bom e eficiente.
É sem dúvida um local de referência - um farol - na noite de Angra, à disposição a partir das 14h.

Impressões de viagem V






Uma vez na ilha lilás, nome dado à ilha Terceira, provavelmente por causa das estradas bordejadas de hortênsias em todos os tons de lilás (não confirmei este dado, deduzi-o, podendo, por isso ser falso), há várias coisas que não devem deixar de ser feitas. O percurso Angra a Pé permite conhecer os locais e monumentos de maior interesse em Angra do Heroísmo. Sugiro uma ida ao posto do Turismo para pedir um mapa (gratuito) e façam-se à estrada (contem com muitas subidas, mas alegrem-se... em sentido contrário, são a descer). Desta forma irão conhecer a Sé de Angra, a baía (onde se encontram afundados mais de 300 navios; não esqueçamos que os Açores eram ponto de paragem obrigatório para os navios das Descobertas), o Museu de Angra, a Igreja da Misericórdia, o Palácio Bettencourt, o Hospital da Boa Nova, a Praça Velha, a Igreja da Conceição, o Convento de S. Gonçalo, a marina...
Assistir a uma tourada à corda é quase obrigatório. Os terceirenses fazem gala das suas touradas e dão pouco uso à Praça de Touros. A paixão pelas touradas de rua (espécie de largadas de touros, em que o animal está amarrado a uma corda) cria inclusivamente rivalidades entre os dois concelhos da ilha, que se "disputam" até em número de touradas.
Dar um passeio de barco também é uma excelente ideia (desde que não se enjoe, claro!), mas mesmo com o enjoo, vale a pena. A perspectiva que se tem da ilha é maravilhosa e passar de barco entre os ilhéus das Cabras é avassalador. O homem sente-se reduzido à sua verdadeira insignificância. Quem gostar de pesca, pode passar umas boas horas.

Toda a zona portuária e da marina, em Angra, parece actualmente um estaleiro de obras o que não abona nada em favor da cidade. Seria bom "limpar" a zona e dar-lhe um ar mais catita. Para isso contribuiria, sem dúvida alguma, a construção de um suposto hotel, do qual ouvi falar, mas que ainda só dispõe de fundações. Caso a ideia do hotel esteja posta de lado, então faça-se outra coisa qualquer, mas melhore-se a zona que, de momento, destoa da beleza do resto da cidade.

Impressões de viagem IV



Lagoa da Falca ou Lagoa das Patas

Nem com a ajuda de um dicionário de sinónimos consigo encontrar um adjectivo para descrever este local. Lindo, bonito, maravilhoso, encantador, fantástico, deslumbrante,... todas as possibilidades parecem ficar aquém do que vi e senti. Talvez percebam melhor se eu vos disser que se soubesse qual será o último dia da minha vida, iria querer passá-lo aqui.

sábado, setembro 02, 2006

Impressões de viagem III



O Algar do Carvão - uma verdadeira viagem ao centro da terra.

Localizado no centro da ilha, este vulcão extinto merece toda a atenção não só por ser um local de grande beleza, mas também por ajudar a perceber (aos entendidos no assunto, claro) pormenores relacionados com a formação da ilha. Outro motivo a ter em conta é o facto de este ser um Monumento Natural Regional o que atesta tudo o que foi dito anteriormente.
A descida faz-se bem, apesar do ar frio e extremamente húmido. Subir, no regresso, é que já é bem menos agradável. Porém, o esforço compensa porque a sensação de se estar no centro da terra, olhar para cima pela chaminé até ver o azul do céu, rodeado de intensa vegetação, é única. Por momentos podemos imaginar que o paraíso existe e está lá em cima à nossa espera...
Para quem percebe do assunto e mesmo para quem não percebe é interessante observar a lagoa que as águas da chuva formam no interior da gruta, as estalactites e estalagmites e todos os outros fenómenos vulcanológicos e geológicos que o local tem para oferecer. Um dos mais apreciados é uma marca de lava numa parede de rocha, que se crê ter sido a primeira explosão do vulcão, e que reproduz a silhueta do mapa da ilha sem o apêndice do Monte Brasil. Maravilhas da natureza!



Aqui ficam imagens dos três miradouros que referi anteriormente. A Memória, em Angra do Heroísmo; o miradouro do Monte Brasil e o monumento a Sta. Rita. Mas a beleza de todos eles está lá. Não há fotografia nem descrição, por mais pormenorizada que seja, que realcem o verdadeiro valor de todas estas coisas de que vos falo. É que a magia de tudo o que vemos está principalmente no que sentimos nesse momento e não há palavras que igualem o valor das emoções.


sexta-feira, setembro 01, 2006

Impressões de viagem... II

As pessoas são simpáticas, educadas e afáveis, pelo menos com quem "não é de cá" e apenas vai pedindo informações de turista. O mar é presença constante e para onde quer que se vá a vista anseia e procura nesgas de azul. Esse azul água que permite o sonho, mas que também prende o corpo, impedindo-o de "fugir" daquele exíguo pedaço de terra.

Há três cores que dominam a ilha: o azul do mar, o verde da serra e o negro da rocha. Este último, nalguns locais, assume proporções assustadoras. No local dos Biscoitos (nome de uma zona balnear da ilha)experimentei esse desconforto. A praia é constituída por uma estrutura em cimento que substitui a areia (há apenas 2 ou 3 praias com areia, na ilha) e que atravessa labirinticamente a rocha e entra pelo mar. A pedra é tão escura que escurece o brilho da água cristalina e faz lembrar uma massa muito espessa de onde sairão biscoitos de massa areada (daí vem o nome da localidade).

A ilha é rica em pontos altos de onde se podem apreciar paisagens de cortar a respiração. O ideal seria reservar um dia e ir de mapa em punho apreciá-los e fotografá-los a todos.
O Monumento aos Descobrimentos, no Monte Brasil, para além da vista permite observar a bateria anti aérea aí instalada aquando da Segunda Grande Guerra.
Na Praia da Vitória, o Monte de Santa Rita também proporciona vistas fantásticas (aconselho a que também se faça uma visita nocturna ao local, altura em que o mesmo muda de nome, segundo o guia particular ao qual tive direito... ).
Na principal cidade da ilha, Angra do Heroísmo, é obrigatório subir à Memória. Um monumento em forma de pirâmide erigido "à memória" da presença do rei D. Pedro IV, na ilha. Este monumento assinala também o local onde séculos antes se mandara construir a primeira fortaleza do arquipélago. Foi totalmente destruido aquando do terramoto de 1980 (bem como uma boa parte da ilha), mas foi reconstruído, mantendo a traça original.

Impressões de viagem... I

Por cima das nuvens, a muitos pés de altitude, sentimo-nos a planar entre o sol e um mar de algodão doce. Quando descemos, ficamos envoltos num nevoeiro frio e espesso que assusta, mas acorda a imaginação e, de repente, sonhamos acordados com heróis montados em cavalos brancos...
E depois a paz... o mar azul-cinza a perder de vista, plano, tranquilo, imenso. Respiramos fundo e vogamos por entre a água e montículos perdidos de nuvens brancas. Esqueço-me da minha hidrofobia e do meu imenso pavor de uma eventual amaragem. Apenas sinto paz e queria poder guardar essa calma em frasquinhos para usar nos dias maus de Lisboa. Neste momento só pensava que acontecesse o que acontecesse a ida aos Açores já tinha valido a pena.

Ao sobrevoar a ilha Terceira, achei piada aos quadrados de campo, em diferentes tons de verde, delimitados por muros de pedra escura. E espalhadas ao acaso lá estavam as célebres vacas açoreanas. Sim, essas mesmas, as que dão o leite para os queijos, o do Pauleta e outros, porque nem todos os queijos jogam à bola.
 
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